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Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta da renomada artista, fala mais sobre trabalho da tia e musical inspirado em sua história

Confira o conteúdo exclusivo da TV Gazeta - Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta da renomada artista, fala mais sobre trabalho da tia e musical inspirado em sua história

Por: Fernanda Alves

Publicado em: 21/02/2024 - Última atualização: 21/02/2024 - 19h55

Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta de Tarsila do Amaral (Foto: Van Campos Ag News)

No final de janeiro, a capital paulista prestigiou a estreia do espetáculo “Tarsila, a brasileira”. Com sessões de quinta a domingo, o musical marca o retorno de Claudia Raia aos palcos, abordando vida, obra e influência de uma das artistas plásticas mais importantes do Brasil, Tarsila do Amaral.

A produção, inédita e totalmente nacional, conta ainda com uma presença ilustre em sua idealização: Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta de Tarsila. Para ela, logo na primeira leitura do roteiro, já foi possível visualizar sua tia em Claudia Raia e Oswald de Andrade em Jarbas Homem de Mello – marido da atriz dentro e fora do teatro.

Sendo assim, Tarsilinha explica que, diferente da imagem que Tarsila costumava passar – de mulher exuberante –, na verdade, ela era tímida e introspectiva. A artista vivia essa dualidade entre encarnar a personagem da mulher da “família tradicional”, para a época, e de colocar-se totalmente à frente de seu tempo. Para ela, Claudia foi capaz de captar as facetas da pintora, mostrando, ao mesmo tempo, sua força e sua dor.

Claudia Raia no musical "Tarsila, a brasileira".

Claudia Raia no musical “Tarsila, a brasileira” (Foto: Van Campos Ag News)

Em entrevista inédita ao Jornal da Gazeta, Tarsilinha contou um pouco mais sobre a produção e detalhou sua tese diante de uma das obras mais famosas de sua tia-avó, o “Abaporu”. O bate papo completo com o jornalista Felipe Vidal está no YouTube do jornal.

A brasilidade em Tarsila

Em suas obras e relações pessoais, Tarsila procurou sempre retratar a força do Brasil, buscando mostrar e enaltecer seu país de origem.

O próprio Mário [de Andrade] falava da brasilidade da obra dela que, nossa, era uma coisa linda. As obras dela são lindas de se ver, é muito fácil você gostar das obras da minha tia. Assim que a gente olha uma obra da minha tia, a gente já percebe essa presença do Brasil, mas essa presença do Brasil está na alma, estava na alma dela”, disse Tarsilinha, em entrevista ao Jornal da Gazeta.

Ela ainda conta que, uma vez que a tia-avó era amiga de grandes nomes do mundo da arte internacional – como Picasso, Léger, Stravinski e Jean Cocteau –, ao reuni-los em seu ateliê, Tarsila buscava mostrar as belezas de seu país de outras formas. Assim, foi através de bebidas e comidas, como caipirinha e feijoada, que a artista fez questão de abordar o Brasil de modo a ultrapassar sua obra, podendo transpassar a visão que muitos possuíam do território.

Foto de Tarsila do Amaral.

Tarsila do Amaral (Foto: Fine Art Images/Heritage Images via Getty Images)

A teoria por trás do “Abaporu”

Partindo de um projeto com uma amiga, sobre releituras do quadro “Abaporu”, Tarsilinha se deparou com a teoria de que o quadro seria, na verdade, um autorretrato. Ela explica que, nesse caso, a inspiração para a obra viria da posição da tia-avó, que estaria sentada com as pernas dobradas e a mão apoiando a cabeça, com um espelho inclinado na sua frente.

“Quando você se nessa posição do ‘Abaporu’, na frente de um espelho inclinado, você vai ver o seu pé em primeiro plano, bem grande, e sua cabeça no fundo, pequenininha”, exemplificou Tarsilinha.

 

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Uma publicação compartilhada por Tarsila do Amaral (@tarsiladoamaral)

A sobrinha-neta da artista plástica, ainda, escreveu um livro sobre a obra, intitulado de “Abaporu: uma obra de amor”. Nele, e durante entrevista, Tarsilinha explica sua tese e reforça como a obra seria um presente de Tarsila para Oswald de Andrade – escritor modernista e, na época, seu marido –. Dessa forma, a fim de impressioná-lo, a artista cria uma das mais importantes obras da arte brasileira.

Ao buscar por evidências que comprovassem sua teoria, Tarsilinha ficou intrigada com o fato de um dos dedos do pé de “Abaporu” ser maior do que os demais. Pensando que a tia-avó não teria feito algo por acaso, comprovou com sua irmã que ela, de fato, teria um dos dedos maiores – fato popularmente conhecido como “pé grego”, quando o segundo dedo é maior do que o dedão.

 

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Para ela, outra evidência seria que, ao se separar de Oswald, devido ao envolvimento com Pagu, Tarsila acaba entregando a ele outro quadro e ficando com o “Abaporu”. “Nessa perspectiva de ser uma obra de amor, dela ter dado aquilo de presente, dela querer dar um presente que impressionasse o grande amor da vida dela, dela ter se dado praticamente nua, como está o ‘Abaporu’ no quadro… Enfim, uma obra de amor mesmo. […] Ela não queria que esse quadro ficasse na casa dele com a Pagu”, complementou a entrevistada.

Além disso, em sua primeira exposição em Paris, Tarsila não havia levado a obra com o nome conhecido, mas teria chamado de “Nu”. Para Tarsilinha, o rosto na pintura seria o da artista plástica, sem os lábios e um pouco virado de lado.

A escolha do nome para a obra

Por fim, o nome ainda teria sido idealizado por Oswald. “Quando ela dá o presente pro Oswald, ele fica muito impressionado. Aí ele diz ‘parece o homem plantado na terra, parece um indígena, um antropófago’”, referencia Tarsilinha.

Como contado pela sobrinha-neta da artista, Tarsila, em um dicionário de tupi-guarani, teria encontrado as palavras aba, que significa homem, e poru, que seria comer. O resultado da combinação, abaporu, significa o homem que come gente (ou, como dito por Oswald, um antropófago).

Ele, junto com o também poeta modernista, Raul Bopp, decidiu fazer um movimento entorno do “Abaporu”. Primeiro, escreveu o “Manifesto Antropófago” e, em seguida, iniciaram o Movimento Antropofágico. “Isso também é lindo, né? Uma obra pictórica inspirar um movimento literário. É lindo e é mais raro”, comenta Tarsilinha.

Claudia Raia e elenco do musical "Tarsila, a brasileira", sobre Tarsila do Amaral.

Claudia Raia e elenco do musical “Tarsila, a brasileira” (Foto: Van Campos Ag News)

Para mais detalhes, o espetáculo “Tarsila, a brasileira” ficará em cartaz até 26 de maio deste ano, no Teatro Santander, localizado no Complexo JK Iguatemi. Os ingressos estão à venda na internet ou, ainda, na bilheteria do próprio teatro.