As previsões para a economia continuam pessimistas

É impressionante como as projeções pioraram ao longo deste ano. E não são mero palpite. O mercado foi se ajustando à realidade.

Jornal da Gazeta

É impressionante como as projeções pioraram ao longo deste ano. E não são mero palpite. O mercado foi se ajustando à realidade. Aliás,continua se ajustando. As projeções vão piorar mais, caso não se faça algo mais consistente pra reverter os desequilíbrios da economia. A questão é que qualquer planejamento melhor elaborado vai depender da evolução do quadro político e até da Lava Jato. O governo, fragilizado, não consegue avançar no Congresso em temas relevantes, como a reforma da Previdência, a tributária e outras, que poderiam melhorar as finanças públicas, no longo prazo. Em vez disso, tenta garantir mais receita com repatriação de recursos, com a volta da CPMF. Quer aumentar a já elevada carga tributária, penalizando mais a economia, que enfrenta uma das maiores crises da história. É só remendo. A repatriação poderia ampliar a receita em um ano. E depois? É exatamente por essa inconsistência do chamado ajuste fiscal e pelos péssimos resultados apresentados até agora que o Brasil deve sofrer novos rebaixamentos na avaliação de risco. Como confiar num País com indicadores tão ruins como os nossos? Quem pode acreditar numa melhoria de cenário com todo o enrosco que temos no Congresso. Se a classe política não se mexer e a Lava Jato não concluir logo os trabalhos, a crise pode se aprofundar. Temos um governo que não consegue governar. Investigações que podem atingir políticos dos vários partidos, que já prendeu alguns dos principais empresários do País, travando projetos, o que colaborou bastante com a recessão. Nesse ambiente, fora todas as dificuldades efetivas, como inflação, juros altos, desequilíbro fiscal, queda de atividade e desemrprego, há uma desconfiança muito grande dos agentes econômicos - consumidores, empresários, investidores. Todo mundo fica meio na defensiva e a economia só perde fôlego. Pior: sem que isso tenha maior efeito na inflação. Vivemos a chamada tempestade perfeita. E olha que no começo do ano a expectativa era de algum crescimento. O mercado, de acordo com o relatório Focus da virada do ano, previa uma expansão do PIB de 0,13%. Pouco, mas bem melhor que esse mergulho que estamos vendo. De positivo, só a balança comercial, com superávit de 15 bilhões de dólares, que pode dobrar em 2016. Superávit que vem muito mais do recuo das importações, prejudicadas pela queda de consumo e investimentos, do que de uma reação das exportações. Além de 2016, o mercado já fala em recessão também pra 2017. É a realidade que temos. Eu volto na quinta. Até lá.